• Edição 071
  • 08 de março de 2007

Por uma boa causa

Atletas x Sedentários: o que diz o coração?

Tainá Saramago

Com a proximidade dos jogos Pan Americanos, o Olhar Vital aborda a importância do esporte e os cuidados que se deve ter na hora de praticá-los. Para iniciar esse ciclo de reportagens, a primeira edição do Por Uma Boa Causa de Março, traz o personagem principal das atividades físicas: o coração.

Atualmente, apesar da queda no número de mortes, as doenças coronarianas e a pressão alta ainda afetam milhares de pessoas, inclusive jovens. O sedentarismo é cada vez mais comum. Jovens e crianças trocam as atividades físicas pelo computador e pela televisão, trocam legumes, frutas e sucos, por fast food e refrigerantes. E é nessa hora que o coração começa a reclamar.

A diferença entre o coração de um atleta ou praticante de exercícios físicos e o de um sedentário é a chamada hipertrofia, ou seja, o coração de um atleta é mais forte do que o de um indivíduo sedentário, devido à quantidade de exercícios que pratica. Os atletas também podem contar com o chamado condicionamento físico, ou seja, o organismo já está preparado para receber certas cargas de esforço, o coração foi preparado para aumentar a freqüência cardíaca de acordo com o esforço de cada atleta. São fatores como esses que uma pessoa sedentária não possui e é a partir disso que as doenças coronarianas e o aumento de pressão começam a aparecer.

A pressão arterial de um praticante de exercícios tende a ser mais baixa do que a de um sedentário, porque com a prática de atividades físicas ocorre a diminuição da resistência vascular periférica, ou seja, os vasos são menos contraídos. Portanto a pressão arterial é mais baixa. A pressão arterial depende da resistência que os vasos oferecem a quantidade de sangue que o coração está lançando dentro dos vasos. Quanto menor a resistência, menor a pressão. Porém, isso não é uma regra. “Existem pessoas que não praticam exercício algum e têm a pressão baixíssima. O que ocorre é que pessoas que praticam, geralmente, têm a pressão mais baixa.”, afirmou o doutor Nelson Souza e Silva,  chefe do setor de cardiologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) da UFRJ.

Para ter uma vida saudável e evitar os males do coração as pessoas devem fazer exercícios no mínimo três vezes por semana, durante 30 minutos. Mas o ideal é que se faça uma hora de atividades físicas por dia. “Mas a pessoa também não pode querer, de um dia para o outro, correr vários quilômetros. O condicionamento físico é feito aos poucos. O seu organismo tem que estar preparado para receber certa carga de exercícios. Não adianta, também, dizer que praticou esportes na juventude, tem que fazer a vida inteira. Se você pára, o risco das doenças retorna. ”, lembra o cardiologista.

Além disso, deve-se ter um cuidado redobrado com a alimentação. A obesidade é um fator de grande risco para o coração. A dieta deve ter alto teor de fibras e baixo teor de gordura animal, saturada. Peixe, legumes, verduras e frutas devem ser a base de uma alimentação saudável, prolongando a vida das pessoas.

Os riscos maiores estão, normalmente, na classe pobre, que tem como base de sua alimentação a farinha e o biscoito, além da famosa “cervejinha do final de semana”, o álcool tem o mesmo número de calorias que a gordura. Esses tipos de alimentos em excesso podem levar a obstrução coronariana.

- Existem os fatores clássicos que levam aos problemas coronarianos que são excesso de peso, pressão alta, diabetes e colesterol alto. Mas existem também fatores que ainda não foram explicados, são mais de 200 - , afirma o médico, mostrando que a cardiologia ainda desconhece muitas causas sobre as enfermidades do coração.

Dieta, exercícios físicos e o mínimo de drogas possível foi a dica do cardiologista para uma vida saudável.

Mas em esportes onde os exercícios são muito fortes como nas maratonas e no futebol, é essencial ter ao alcance da equipe médica todo o aparato de ressuscitação cardiovascular.  Como o desfibrilador e todo material de entubação.  “O material é necessário sim, mas o que deve ser feito são exames sérios e periódicos nos atletas, para que não corram o risco de morrerem enquanto praticam suas atividades. A ressuscitação só deve ser feita em último caso, pois as chances de salvar o paciente são pequenas.”, concluiu o especialista.