• Edição 065
  • 07 de dezembro de 2006

Argumento

Hábitos nocivos

Renata Magliano

O estilo de vida moderno exige que as pessoas ajam de forma rápida e prática, sem perderem tempo. Com o  ritmo, passam a consumir mais alimentos de baixo valor nutricional e de alta densidade calórica, os quais não demandam um tempo de preparo e são de fácil acesso. Tais fatores contribuem para um excesso de peso e o desenvolvimento de doenças crônicas em idades maduras, como o diabetes, doenças cardiovasculares e câncer.

Atenta a este quadro, a nutricionista Rosangela Alves Pereira, professora adjunta do Departamento Social e Aplicada do Instituo de Nutrição Josué de Castro (INJC) da UFRJ, desenvolve pesquisa que se utiliza de um questionário para obter dados de consumo alimentar de adolescentes. Com sua orientação, Alessandra Page Brito, aluna do sétimo período do curso de Nutrição da UFRJ e Marina Campos Araújo, bolsista de Iniciação Científica do CNPq, o aplicaram entre adolescentes de 10 a 19 anos de uma escola de Niterói e do segundo distrito de Duque de Caxias.

A partir dos dados obtidos, as estudantes apresentaram o trabalho intitulado Alimentos Mais Consumidos por Adolescentes da Região Metropolitana do Rio de Janeiro na XXVIII Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Artística e Cultural da UFRJ.

— Os alimentos referidos como os mais consumidos diariamente pelos adolescentes investigados foram arroz, feijão, bala, pão francês, leite, margarina, achocolatado, banana, pão de forma e biscoito recheado. São tanto alimentos básicos que fazem parte do hábito diário da população brasileira como alimentos de baixo valor nutricional, particularmente, as balas e biscoito recheado. Somente uma fruta está incluída neste grupo — relatou a professora.

  O que confirmou que os hábitos alimentares dos adolescentes são pouco saudáveis foi o resultado dos alimentos mais consumidos semanalmente — carne de boi, sorvete, frango, peixe enlatado, lingüiça, batata frita, batata, hambúrguer, ovo, salgados, cachorro-quente, doce de leite, chips, sanduíche, cenoura, pipoca, chocolate, macarrão, e bolo com cobertura. A maioria desses alimentos é de alta densidade energética, ricos em gordura “trans”, a qual contribui para a redução do colesterol “bom”.

— Verificamos que 19% dos adolescentes no Rio de Janeiro, apresentam excesso de peso, o que é um valor relativamente alto. Na adolescência, quando ocorre o estirão do crescimento, os alimentos que deveriam ser mais consumidos são frutas e hortaliças (fontes de vitaminas e minerais). Isso não ocorre, além de se notar um baixo consumo de leite e derivados, que são fontes importantes de cálcio — detalhou Alessandra.

Marina explicou que nas escolas onde fizeram o trabalho, as cantinas vendiam basicamente balas, biscoito e sorvetes, quando deveriam vender sucos, sanduíches mais saudáveis, nada muito frito. “Como a criança passa maior parte do seu tempo no colégio, ela irá comer o que tiver na cantina”, explicou.
 
Essas situações levaram o Ministério da Saúde a assinar uma nova portaria que incentiva a alimentação saudável nas escolas de educação infantil, ensino fundamental e nível médio das redes pública e privada no Brasil.

Segundo Rosangela, “percebe-se a necessidade de maior penetração entre os jovens dos valores relacionados com a promoção da saúde e da alimentação saudável”.