• Edição 063
  • 23 de novembro de 2006

Saúde e Prevenção

"Incomodada ficava a sua avó"

Priscila Biancovilli

 A menstruação é um processo natural do corpo feminino, e indica que naquele mês o óvulo não foi fecundado.  O endométrio – mucosa que reveste a parede uterina – é, então, liberado, gerando o sangramento. Muitas mulheres, no entanto, sentem-se extremamente incomodadas com a menstruação. Somadas à vida urbana e às múltiplas jornadas de trabalho, o processo menstrual acaba se tornando um transtorno, principalmente pelos sintomas causados como TPM (tensão pré-menstrual), retenção de líquidos e aumento da oleosidade na pele.

Hoje, já existem tratamentos que conseguem interromper o ciclo menstrual, através de hormônios. Segundo o doutor Carlos Paixão, coordenador do serviço de geriatria do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, “uma das formas de fazer isso é com um tratamento crônico hormonal, geralmente estrógenos e progestágenos, sempre numa quantidade única e contínua. Isto inibe o ciclo de regulação hormonal no cérebro, assim o aumento do endométrio e sua conseqüente descamação deixam de acontecer”. Os métodos mais eficazes em suspender a menstruação são as injeções trimestrais e o sistema intra-uterino, que depois de seis meses de uso deixam 60% das mulheres sem menstruar. Já o anticoncepcional derivado da progesterona protege contra o câncer de endométrio.

As vantagens da interrupção do ciclo menstrual levam mulheres de todas as idades a iniciar o tratamento, que pode ser realizado através de diversos métodos. Assim como nas terapias de reposição hormonal, existe a possibilidade do uso de injeções, comprimidos ou medicações à base de adesivo, fixadas na pele. O hormônio progesterona costuma ser aplicado com maior freqüência.

No entanto, deve-se atentar para alguns riscos e efeitos colaterais. Nenhum método hormonal garante que a mulher parará completamente de menstruar. Além disso, no início do processo, pode haver um sangramento desregulado. Os riscos do tratamento em jovens assemelham-se àqueles observados em mulheres que estão no climatério, ou seja, próximas da menopausa. “A recomendação do processo de reposição hormonal vem sendo restringida devido aos riscos de câncer de mama, doenças trombóticas e doenças cardiovasculares.”, explica Carlos Paixão. “Nesta fase da vida, ocorre a diminuição da produção do hormônio pelo organismo. Para evitar sintomas como sudorese, insônia, ansiedade, depressão, pode-se decidir que a mulher não irá menstruar, iniciando este tratamento contínuo”.

É possível que mulheres interrompam a menstruação durante um período e depois engravidem. Em alguns casos, como nas injeções trimestrais, por exemplo, a volta da fertilidade pode ser mais demorada.

Se a mulher deseja iniciar seu tratamento de forma segura, deve procurar uma orientação médica. O uso de nenhuma medicação deve ser feito de forma arbitrária, sob o risco de causar problemas diversos à saúde, às vezes irreversíveis.