• Edição 061
  • 09 de novembro de 2006

Argumento

Pesquisa procura decifrar os prejuízos do excesso de Zinco

Mariana Elia

 Benéfico para o organismo, contribuindo para o bom funcionamento hormonal, a sensibilização do paladar e do olfato, além auxiliar no processo de cicatrização, o Zinco é fundamental na dieta do homem. Sua ingestão em excesso, porém, causa danos ainda pouco conhecidos pela literatura científica. A professora Elenice Gillieron Correa, que trabalha no Laboratório de Neurobiologia do Departamento de Histologia e Embriologia, pertencente ao Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), resolveu, por conta disso, iniciar uma pesquisa para avaliar as conseqüências do excesso desse metal pesado no organismo.

- O excesso de Zinco não ocorre naturalmente. Mesmo em certas patologias onde a quantidade de zinco é bem maior em determinados locais (como na glândula pineal e no hipocampo, em casos de doença de Alzheimer, por exemplo) existem ainda dados controversos em relação as suas quantidades citotóxicas e, principalmente, a sua ação no tecido – explica Elenice M. Correa Gillieron.

A partir disso, a pesquisa se desenvolveu em direção do conhecimento de quais doses de Zinco são prejudiciais, com enfoque na glândula pineal, que é a principal formadora de melatonina, hormônio de grande importância para regulação do sono.

Após seis anos de trabalho, a equipe da professora, hoje formada pelas alunas de iniciação científica Caroline Ferezin Pinto e Nuria Sales, vem conseguindo resultados interessantes. Segundo Elenice, os animais utilizados estão apresentando sintomatologia clara na manifestação patológica, denominada amiloidose. “Trata-se de uma doença considerada sistêmica, onde ocorre um depósito de proteína rara entre as  células de tecidos  e órgãos do corpo”, detalha a professora.

Com o título Hiperzincemia: A busca por um modelo dose-efeito em ratos em desenvolvimento, a pesquisa recebeu um dos prêmios na categoria Anatomia Microscopia do XXII Congresso Brasileiro de Anatomia, XXVII Congresso Chileno de Anatomía e VII Congresso de Anatomia del Cono Sur, ocorridos conjuntamente em Florianópolis, em outubro. A perspectiva agora é, de acordo com Elenice M. Correa Gillieron, estabelecer o que a administração excessiva desse metal pesado causa e indica que doses geraram estes efeitos. “A  contribuição do nosso trabalho é grande não só para os estudos em neurociências,  e em especial com a glândula pineal, mas também para outras esferas da área da saúde”, garante.

Conhecer os efeitos de elementos e substâncias que integram o funcionamento do nosso organismo é fundamental para podermos administrá-los de maneira adequada. Apesar de muitas variações e conseqüências para as também muitas substâncias, o trabalho de pesquisa já trouxe resultados fundamentais. O Zinco em excesso na glândula pineal é manifestação do mal de Alzheimer. Conhecer as conseqüências da hiperzincemia pode ser um passo importante para o tratamento dessa doença, que corresponde a 60% dos casos de demência hoje conhecidos.