• Edição 058
  • 19 de outubro de 2006

Argumento

Reforço nas pesquisas com terapia celular

Taisa Gamboa

A crescente importância das pesquisas terapêuticas com células-tronco, face ao seu potencial na recuperação funcional de órgãos e tecidos, juntamente com o atual envolvimento de professores e pesquisadores de diversas áreas de conhecimento em projetos de pesquisa clínica em terapia celular, no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), fizeram com que a direção do hospital criasse a Comissão de Pesquisa em Terapia Celular.

O grupo foi criado em 15 de julho de 2005, pelo então diretor do HUCFF, Amâncio Paulino de Carvalho, por um período de um ano. A validade pré-estabelecida do comitê garante uma renovação do quadro de profissionais e uma freqüente avaliação de suas atividades, garantindo sempre uma equipe capaz de auxiliar os pesquisadores nas questões relativas à terapia celular e suas múltiplas possibilidades.

De acordo com Lea Mirian Fonseca, professora da Faculdade de Medicina, que faz parte da equipe da Comissão de Pesquisa em Terapia Celular, foi através do grupo que o HUCFF conquistou dois editais para a compra de equipamentos e desenvolvimento de pesquisas. Também cabe à Comissão, a criação de um Programa de Terapia Celular (Protecel) e a organização de seminários que divulgam o ensino dessa técnica no Brasil.

Os excelentes resultados, a existência de uma relevante infra-estrutura laboratorial de pesquisa e prestação de serviços envolvendo a manipulação de células no hospital e a falta de uma política institucional na área favoreceram a criação de uma nova comissão no HUCFF, em 20 de setembro de 2006.

A terapia celular realizada no HUCFF é a autóloga, com células do próprio paciente. Mas existem vários tipos de terapia realizadas a partir da manipulação de células. Segundo Lea Mirian, normalmente, algumas células da medula óssea da própria pessoa se deslocam para a área ou órgão lesionado do corpo na tentativa de recuperá-lo. Entretanto, nem sempre a quantidade deslocada é suficiente para a reestruturação total do local e torna-se necessário a ativação de outros mecanismos.

- O tratamento com células-tronco (pluripotentes), nada mais é do que retirar as células da medula óssea e transpô-las para qualquer região do corpo lesionada, aumentando a quantidade de células regeneradoras no local e sua conseqüente capacidade de recuperação – destaca Lea Mirian.

Para ela, a terapia celular é um alento às doenças crônicas para as quais a Medicina ainda não tem uma resposta efetiva. “Já temos casos tratados em que se observa uma melhora clínica e laboratorial evidente dos pacientes. O tempo de duração dessa melhora, entretanto, ainda não pode ser estimado, depende de cada caso, doença e paciente. Em geral, acredita-se na necessidade de repetição contínua das terapias”,  reitera a professora.

Toda a aplicação clínica das pesquisas em terapia celular desenvolvidas dentro e fora do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFRJ é realizada no HUCFF, por isso a importância de uma comissão específica para essas pesquisas. A comissão foi criada com o objetivo de coordenar as iniciativas na área de terapia celular no HUCFF, definindo diretrizes para a utilização da terapia celular no hospital, estipulando regras de acordo com normas técnicas e éticas específicas da área de saúde, dando todas as coordenadas da parte prática da pesquisa dentro do hospital. Também cabe à comissão congregar os pesquisadores da UFRJ que lidam com a questão e representar o HUCFF no relacionamento com outros grupos envolvidos em terapia celular dentro e fora da UFRJ. 

O trabalho da Comissão de Pesquisa em Terapia Celular do HUCFF é fundamental para organizar as pesquisas na área. Ao invés da falta de apoio de orientação durante a aplicação prática da pesquisa, os profissionais da UFRJ recebem um direcionamento capaz de acelerar, fortalecer e fomentar a pesquisa em terapia celular, o que traz benefícios aos pacientes. É o caso dos doentes que necessitam de transplante de órgão. A terapia celular garante a manutenção da vida do paciente até que ele consiga um transplante.