• Edição 057
  • 11 de outubro de 2006

Cidade Universitária

O dilema das carteirinhas

Mariana Elia

Nos primeiros meses deste ano, a Prefeitura Universitária (PU) da UFRJ iniciou o processo de cadastramento de pessoas no campus da Praia Vermelha. Todos os alunos, professores e funcionários tiveram que se apresentar para produção de crachás de identificação. O objetivo é diminuir a insegurança, ampliando o controle sobre quem passa pela universidade.

Apesar de alguns acreditarem que a medida foi tomada após a ocorrência de um assalto, em nove de janeiro, a professores e estudantes no campus, o prefeito Helio Mattos declara que o cadastramento faz parte de um projeto que vem sendo implementado aos poucos, devido à falta de recursos financeiros. Segundo ele, o primeiro local onde todos os funcionários foram cadastrados foi a própria prefeitura e o resultado tem se mostrado bastante satisfatório. O porteiro observa quem entra e identifica quem não tem a carteirinha, não tendo sido necessário o uso de catracas.

Na Praia Vermelha, no entanto, as carteirinhas ainda não têm utilidade. Além de só ficarem prontas no segundo semestre, muitos, entre alunos, professores e funcionários, não foram à universidade no período estipulado, pois as aulas ainda não haviam começado, e não puderam obter a identificação. Qualquer pessoa pode entrar no campus e nas unidades que nele se localizam sem a necessidade de apresentar nenhum documento.

Às acusações de que o projeto das carteirinhas só serviu para “jogar dinheiro fora”, o prefeito responde que a responsabilidade é dos diretores das unidades, que devem gerir como será o controle de entrada. Ivana Bentes, diretora da Escola de Comunicação (ECO), argumenta que não pode exigir carteirinhas, se nem todos a possuem e se ainda não foi feito o cadastramento em toda universidade. “As pessoas ainda estão se habituando à idéia de andar com uma identificação. Há muita resistência, mas é natural. Com o tempo, podemos exigir a apresentação”, diz a diretora.

Recentemente, a Prefeitura implementou o projeto nos Institutos de Química (IQ) e Física (IF), que resolveram unificar os planos de gerenciamento. O diretor da Física, Nelson Faria, diz que houve alguns problemas com a empresa que fabricou os crachás e, por isso, não pôde colocar o sistema em prática. Houve, no entanto, a mobilização dos dois Institutos para estudar o movimento de pessoas nas entradas. “Decidimos colocar um segurança na entrada do elevador e outro na saída da escada do terceiro andar. Acreditamos que dessa forma, saberemos quem entra e quem sai, garantindo mais segurança para todos”, destaca o diretor.

Segundo Nelson Faria, há muitos casos de roubos no Centro de Tecnologia. Na maioria deles, são levados computadores, simplesmente carregados ou jogados no estacionamento, localizado próximo ao prédio. Para ele, qualquer medida de controle deverá diminuir as perdas, mas “muito controle fica chato para todo mundo”. Questão também levantada por Ivana Bentes. “Estamos com um paradoxo: queremos mais segurança, mas não queremos ser vigiados”, explica a diretora. Para ela, é necessário permitir a livre circulação e não se subjugar a um controle prisional.

O que se espera, então, é que os diretores decidam sobre os mecanismos de controle e que a Prefeitura conclua o projeto, pois, dessa forma, a Universidade terá mecanismos para combater os roubos e assaltos que freqüentemente preocupam a comunidade acadêmica.