• Edição 056
  • 05 de outubro de 2006

Notícias da Semana

Resultado da eleição dos professores representantes no Conselho do CCS

A Decania do Centro de Ciências da Saúde (CCS) divulga o resultado da eleição, realizada em suas unidades, para a escolha dos representantes dos docentes no Conselho do referido centro. Na categoria Titular, Eliana Barreto Bergter foi eleita representante e Lucy Seldin, suplente. Como professores adjuntos, Ana Maria Vergueiro Borralho, tornou-se representante de sua categoria, e Tatiana Lobo Coelho de Sampaio, sua suplente.

Como professores assistentes, Levi de Almeida Santa Rosa foi eleito representante e Maria da Conceição Zacharias, suplente. Vera Lúcia Santos Britto foi eleita professora auxiliar representante. O resultado da eleição será homologado na próxima reunião do Colegiado a ser realizada em 16 de outubro.


Extensão universitária é discutida em congresso

Isabella Bonisolo e Mariana Elia

Após 5 anos de abstinência na discussão sobre o papel da Extensão na universidade, a UFRJ deu início ao seu 3º Congresso de Extensão Universitária. O evento, realizado entre os dias 4 e 6 desse mês nas dependências do Centro de Ciência e Saúde (CCS), pôs em pauta a principal meta da atual gestão da reitoria: a institucionalização da Extensão.

A abertura do Congresso contou com a presença do reitor Aloísio Teixeira, que fez um rápido apanhado histórico da Extensão nas universidades brasileiras, apontando as dificuldades que até hoje estão sendo transpostas para a plena implementação dos projetos.

- Nas universidades européias já faziam projetos de extensão desde o século XIX. No Brasil isso não foi assim. Uma universidade como a nossa, a mais antiga do país, só constituiu essas transformações na segunda metade dos anos 80, com o reitor Horácio Macedo. Este, por sinal, teve que desgastar um esforço monumental para tentar trazer uma cultura nova para a UFRJ - relembra o reitor.

Nos últimos três anos, as políticas de gestão de Aloísio vêm procurando retomar e incentivar esses programas esquecidos. Segundo o reitor, "a extensão não pode ser exclusivamente da reitoria. Ela tem que ser das células constituintes da universidade, para que funcione de forma orgânica. E o que faltava era o estímulo de cada unidade, para que elas trouxessem luz aos seus programas".

Mesas de debate articulam os rumos da Extensão

Após a encantadora apresentação do Coral Brasil Ensemble da UFRJ, iniciou-se a primeira mesa de debate discutiu as políticas de Extensão universitária. Celso Carneiro, diretor do Departamento de Modernização e Programas da Educação Superior do Ministério da Educação, apresentou as animadoras iniciativas de apoio à Extensão que atualmente estão em andamento. "Hoje, por exemplo, temos cerca de 280 programas PET (Programa Especial de Treinamento). E recentemente fizemos uma radiografia de todos eles, para que o apoio para as suas necessidades fossem supridos", relatou Celso que ainda expôs outras iniciativas do SESu (Secretaria de Educação Superior) durante a palestra.

Aniceto Weber, secretário de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social (MCT), defendeu a Extensão como valorização da inclusão social e acredita que a universidade pública não pode achar que se basta em si mesma. "Os estudantes têm que ter noção do país, dos excluídos, da sociedade brasileira e a Extensão pode dar essa visão mais ampla através da colocação desses jovens na fronteira dos problemas", declara o professor.

Laura Tavares, pró-reitora de Extensão da UFRJ e presidente do comitê organizador do Congresso, argumentou que a universidade não deve ser um espelho das ações da sociedade, profundamente marcada pelo conservadorismo e pela manutenção do status quo. De acordo com a professora, a UFRJ não deve formar profissionais apenas para o mercado, mas com a capacidade de solucionar os problemas do país. "Vivemos um momento particular, na qual a universidade não pode fugir desse debate", afirmou a pró-reitora em declaração incisiva.

Ela ainda coordenou a mesa, cujo tema foi a Formação de professores e extensão universitária. Com a participação da decana do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN), Ângela Rocha, a diretora da divisão de Educação da Pró-reitoria de Extensão da UFRJ, Cleide Moraes, e da diretora do Departamento de Ensino Médio - Secretaria de Educação Básica/MEC, Lúcia Lodi, o debate transcorreu sobre qual deve ser o papel da universidade na melhoria da formação dos professores, incluindo a formação continuada.

Para Lúcia Lodi, foi através da extensão que o Brasil conseguiu legitimar e democratizar o conhecimento aos bens da cultura e da produção. A diretora do Departamento do Ensino Médio do Ministério da Educação disse também que a legislação já dá sustentação para profissionalização docente de qualidade, o que falta, porém, é prática do que está previsto. Entretanto, "sem a mudança do padrão atual de financiamento, não se poderá fazer nada para o incremento da educação", diz e utiliza como exemplo a dependência pelos estados do Governo Federal para pagar contas de luz ou gás.

O 3° Congresso de Extensão da UFRJ apresentou os trabalhos dos projetos de extensão da universidade em posters no corredor principal do Centro de Ciências da Saúde (CCS). Os debates continuam ao longo dos dias 5 e 6 e temas como políticas para difusão do conhecimento, através da cultura e da comunicação, e a permanência de jovens de origem popular na universidade serão abordados no auditório do Quinhentão no CCS.


HUCFF debate gestão hospitalar

Isabella Bonisolo

O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) promoveu, dia 29 de setembro, um debate sobre os rumos a serem seguidos para a busca de modelos mais eficientes de gestão hospitalar de instituições públicas. O evento contou com a presença de José Carvalho de Noronha, médico, da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, e do professor Alexandre Pinto Cardoso, diretor do HUCFF, entre outras.

Segundo o diretor do HUCFF, os hospitais universitários não podem ficar de fora das reflexões dos novos modelos administrativos. “Não podemos esquecer nossas características, mas temos que melhorar nossos métodos de trabalho. Precisamos discutir detalhes para ter qualidade. Esse tipo de debate enriquece, principalmente para um hospital que quer ser o melhor do Rio de Janeiro”, declara Alexandre Cardoso.

O público teve a oportunidade de ver a exposição de um case de gestão hospitalar apresentada por Nacime Salomão Mansur, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e diretor do Hospital Geral de Pirajussara (São Paulo), que expôs sua experiência nas Organizações Sociais com Interesse Público (Oscip) - modelo de organização pública tida como eficiente e voltada para a cidadania.

De acordo com Nacime Mansur, o gestor, nas Oscip, tem absoluta autonomia para tomar as decisões que julgar necessárias, porém ele estará sempre subordinado aos resultados que devem atender da melhor forma possível às demandas. Essas metas qualitativas e quantitativas, que devem obrigatoriamente ser alcançadas, são estipuladas em um contrato de gestão. “A ênfase no resultado é fundamental para criar a cultura de busca permanente da melhoria da performance”, argumenta Nacime.

O segundo tema abordado no encontro foi a possibilidade de inserção das Parcerias Público-Privadas (PPP) nos hospitais públicos do Brasil. O coordenador do grupo de PPP do BNDES, Marcos Barbosa Pinto, esclareceu o que seriam as parcerias e apresentou um modelo adotado em 50 hospitais na Inglaterra.  Para ele, a grande vantagem das PPP é o impacto imediato nas contas públicas. O Estado pode economizar nos investimentos, possibilitando a utilização de seus recursos escassos em outras áreas.

Após as palestras, Pedro Barbosa, professor da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz, comentou as possibilidades dos modelos de gestão expostos: “estamos superando a fase experimental. Há 15 anos, muitos novos modelos vêm sendo praticados e isso dificulta a escolha mais eficiente e qualitativa. Não estamos atrás de algo único, porém é preciso identificar as características dos modelos a serem reunidos, valorizando sempre o direito à vida”, declara Barbosa, que ainda apresentou o novo modelo desenvolvido pelos ministérios da Saúde e do Planejamento que será adotado pelos hospitais federais. Os princípios básicos norteadores do plano pressupõem que o Sistema Único de Saúde (SUS) seja integrado, autônomo e com flexibilidade de gestão, com novos mecanismos de prestação de conta e de relação jurídica.


Fragmentação: ponto nevrálgico nas discussões do PDI

Aline Durães, do Olhar Virtual

No dia 3 de outubro, o reitor Aloísio Teixeira, acompanhado de alguns membros da administração central da UFRJ, visitou o Instituto de Neurologia Deolindo Couto (INDC) para discutir as principais diretrizes do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) e recolher sugestões de docente e técnico-administrativo da unidade para a versão final do plano, a ser votada, pelo Conselho Universitário, em dezembro.

A fragmentação, conceito definido pela proposta de PDI como o resultado do processo histórico da construção da universidade e o responsável por grande parte dos problemas que hoje a instituição enfrenta, foi o fio condutor do debate. Os professores presentes à reunião associaram a fragmentação universitária à atual situação dos Hospitais Universitários (HUs). De acordo com os docentes, a integração entre os HUs traria benefícios não só para a instituição, como também para a própria questão da Saúde no estado do Rio de janeiro.

O professor Luís Alves questionou a criação de um centro de saber de Saúde Mental no campus da Praia Vermelha, que seria composto, inicialmente, pelo INDC, pelo Instituto de Psiquiatria (IPUB) e pelo Instituto Philippe Pinel. O docente, que elege a falta de articulação entre os HUs, em especial depois da implementação do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), em 1977, como o erro fatal do sistema de saúde da universidade, acredita que sem integração a proposta do complexo de Saúde Mental não será possível.

José Mauro Braz, também docente da unidade, ressaltou que a universidade é privilegiada por ter uma rede própria de hospitais e sugeriu um debate mais sóbrio sobre a possibilidade de inserção dos HUs no Sistema Único de Saúde (SUS). “A estruturação de uma UFRJ do século XXI tem o dever de pensar um modelo de saúde para a sociedade. Ela tem que ter ouvidos para a demanda social, por isso não podemos ignorar a atuação primária dos hospitais”, disse o professor, que propôs também a reflexão acerca dos problemas enfrentados pela área de Neurologia do estado. Os laboratórios e serviços de Neurologia de boa parte dos hospitais públicos do Rio de Janeiro fecharam as portas, o que sobrecarregou os atendimentos no INDC.

Para Renée Góes, psicóloga do Instituto, o Plano de Desenvolvimento Institucional da UFRJ deve assegurar formas de permanência dos HUs. Declaradamente contrária ao movimento de privatização dos Hospitais Universitários, a funcionária foi enfática: “Eu, batalho pelo hospital e, como boa parte da população, preciso dele funcionando”.

Visando tranqüilizar os profissionais do INDC, Aloísio Teixeira explicitou que a reitoria, em conjunto com os diretores dos HUs, já está organizando uma emenda para a versão final do PDI. Segundo o reitor, a importância dessas unidades é enorme dentro do contexto da universidade e foi, em parte, esquecida pela atual proposta de Plano.

O diretor do INDC, José Luís de Sá, se comprometeu a movimentar a discussão sobre o PDI e a realizar reuniões periódicas com os profissionais do instituto. O reitor Aloísio Teixeira, por sua vez, lembrou que a proposta principal da reitoria é confeccionar um documento que corresponda à vontade coletiva da comunidade acadêmica: “Há uma diversidade de opiniões muito grande, com pontos de vista radicalmente contrários aos propostos pelo PDI. Mas isso é bom; temos que transformar isso em uma discussão positiva”, completou.