• Edição 053
  • 14 de setembro de 2006

Ciência e Vida

Epilepsia: síndrome e tratamento

A Epilepsia é uma Síndrome que afeta principalmente crianças, adolescentes e idosos. Irene Lucca, neurologista do Instituto de Neurologia Deolindo Couto (INDC) da UFRJ, fala sobre a doença e esclarece dúvidas sobre o tratamento.

Mariana Borgerth, da AgN UFRJ/Praia Vermelha

Irene Lucca, médica do Instituto de Neurologia Deolindo Couto (INDC) da UFRJ, se dedica ao tratamento de crianças e adolescentes com Epilepsia e alerta sobre a necessidade de se conhecer as diferentes síndromes epléticas. Para a especialista é considerado epilético quem apresenta mais de um episódio no intervalo de 24 horas. A crise acontece quando ocorre uma descarga anormal entre as células cerebrais, o que pode atingir uma região determinada ou todo o órgão.

A médica informa que existem diversos tipo de epilepsia, podendo vir sozinha ou associada a uma doença. Para que seja feito o diagnostico, o médico associa o histórico do paciente a exames como eletroencefalograma e neuroimagem. Com o resultado do diagnóstico, define-se o melhor tratamento, que normalmente é feito através de medicamentos. A intervenção cirúrgica somente é recomendada em casos específicos.

A medicação tradicional é distribuída em poucos hospitais e postos de saúde públicos aos pacientes. Já nos casos mais sérios é necessário a complementação do tratamento com determinadas drogas recentes. Devido ao difícil acesso, a solução é um cadastro na Secretaria Estadual de Saúde, mas algumas vezes a procura por medicamentos é maior do que o estoque disponível nas unidades da rede pública de saúde.

Irene afirma que no Brasil, há dez anos, a intervenção cirúrgica já vem sendo realizada com freqüência. Na UFRJ, a médica atende, no INDC, entre 80 e 100 casos por mês. Cirurgias são realizadas no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho pelo Serviço de Neurocirurgia.

Segundo a neurologista, o maior número de casos se concentra na população infantil, adolescente e em idosos. No caso de adultos esse quadro clínico pode ser conseqüência de tumores, infecções ou problemas vasculares. Entre crianças a síndrome pode ser causada por lesões na cabeça durante o parto, asfixia neonatal, doenças congênitas e pré-disposição genética.

Algumas crianças, entre seis meses e seis anos, sofrem de uma sensibilidade orgânica que durante o processo infeccioso pode ocasionar a convulsão, se houver febre. O que se recomenda, nesse caso, é o controle da febre e o tratamento da infecção. O quadro tende a acabar em um período entre 5 e 6 anos de idade.

Sobre pacientes jovens, o que ela sugere é o esclarecimento de familiares e pacientes que ainda possuem muitos conceitos errados. Irene destacou a importância de incentivar o convívio social e a participação em atividades escolares mesmo diante de dificuldades, porque um dos efeitos colaterais da medicação são problemas de memória. A única medida que deve ser tomada é a orientação de professores e escolas para os momentos de crise.

Este processo não dura mais de cinco minutos, mas é importante buscar por socorro caso se extenda por mais de mais tempo. Isso, pela existência de duas fases: a de contração da musculatura, quando por alguns instantes o paciente pára de respirar e quando o corpo está se debatendo. Irene Lucca destaca que durante esse período deve-se proteger a cabeça e esperar que o organismo reaja.

Irene desmistifica a idéia de que durante a crise a língua se enrola a ponto de sufocar. Segundo ela, não se deve colocar os dedos na boca do paciente. Durante a contração muscular, esta atitude pode ser prejudicial tanto para a pessoa em crise quanto para quem tenta ajudar.