• Edição 053
  • 14 de setembro de 2006

Cidade Universitária

Chopadas causam problemas para segurança

Nessa edição o Olhar Vital publica íntegra da carta enviada pela Divisão de Segurança da Prefeitura Universitária, aos decanos de unidades. O documento, repassado pelo prefeito da Cidade Universitária, professor Helio de Mattos, relata preocupações com fatos causados sobre os excessos cometidos por alunos durante as “Chopadas”.

Segundo deliberação recente do Conselho Superior de Coordenação Executiva (CSCE) foi proibida tais festas nas instalações prediais e os relatos da DISEG mostram que essa determinação não vem sendo cumprida. Conforme texto abaixo:

Temos percebido que ao longo dos anos as festas de nossos alunos, geralmente conhecidas como “CHOPADAS OU CANINHAS” tem alterado a rotina da DISEG-PU (Divisão de Segurança da Prefeitura Universitária) e elevado o nível de risco de nossos alunos e de toda nossa comunidade.

Recentemente presenciamos episódios lamentáveis na festa realizada no dia 9 de Abril de 2006, “CHOPADA DA ENFERMAGEM”. Esta festa ocorreu no espaço do campo de futebol da prefeitura e deixou um saldo catastrófico em que houve disparos de arma de fogo por pessoas desconhecidas que faziam uma suposta segurança da festa, agressões a menores, filhos de funcionários da UFRJ, depredação do alambrado do Horto da Prefeitura e a presença de um aparato policial que envolveu 9(nove) viaturas do 17° BPMERJ (Batalhão de Policia Milita do Estado do Rio de Janeiro), inclusive a
viatura que é popularmente conhecida como CAVEIRÃO, causando um grande distúrbio, trazendo alteração e elevado índice de preocupação ao plantão da DISEG.

Sabemos que por conta deste resultado tenebroso os alunos foram orientados a realizarem suas festas no espaço da antiga AIA (Associação Insulense de Aeromodelismo) por se tratar de uma área aberta, com espaço amplo e que, por sua localização, não poria em risco o patrimônio de nenhum de nossos prédios.

Não somos contra as festas, mesmo percebendo que as “chopadas” já não são apenas uma forma de confraternização. Passaram a ser mais uma forma de captação de recursos para os Centros Acadêmicos. Nossa preocupação visa à preservação da vida, considerando que durante os eventos não é apenas o patrimônio público que fica exposto à depredação, mas de certa forma o consumo de bebida alcoólica acaba colocando em risco a vida dos próprios alunos que, em algumas situações, chegam a ser socorridos no Hospital Universitário, transportados pela DISEG ou por ambulâncias do CBMERJ (Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro), e ao dirigirem seus veículos, em estado de embriagues, colocam em risco a vida de terceiros que transitam no Campus, sem contar as alterações rotineiras que prejudicam o bom andamento do serviço de patrulhamento no Campus.

Na data de 9 de Junho de 2006 foi realizada uma festa nos pilotis do prédio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, intitulada como “CHOPADA DA EBA” e recebemos comunicação de que esta festa não foi autorizada pela direção da EBA, porem ela aconteceu e causou vários transtornos que passamos a citar:

1- Assim como as demais festas realizadas anteriormente, não havia um controle de quem entrava no ambiente da festa.

2- Houve um grande volume de veículos estacionados de forma irregular em cima dos canteiros centrais e laterais.

3- Houve um aumento de flanelinhas nas proximidades da festa, o que eleva o  risco de furtos de veículos dentro do Campus.

4- Houve tentativa de furtos de veículos, e de pertences no interior dos mesmos, ocasionando prisões em flagrante.

5- Houve acidentes com alunos no local da festa, gerando a necessidade de socorro médico com atendimento no Hospital Universitário e uma reação negativa por parte dos profissionais da área médica que estavam de plantão no Hospital, devido ao estado de embriagues em que se encontravam os pacientes socorridos.

6- Houve um capotamento na Avenida Pau Brasil.

7- Houve uma colisão entre um veículo de aluno com uma viatura da Policia Militar.

8- Houve depredação de um ônibus coletivo da empresa Real Brasil.

9- Houve presença de pessoas desconhecidas e não identificadas pela DISEG, executando serviço de “SEGURANÇA” no evento.

10- Foi necessário manter abertos os portões de acesso ao Campus, alem do horário previsto para o fechamento, em virtude da quantidade de veículos que havia dentro do Campus e a dificuldade que as pessoas tinham para encontrar as saídas, contrariando as normas de segurança estabelecidas pela DISEG, que diariamente fecha os portões de acesso às 23h00min, sendo necessário aumentar a remuneração do serviço extraordinário que também não conseguiu encerrar as atividades de patrulhamento no horário habitual.

11- Alguns supostos alunos encontravam-se completamente sem roupas, dentro e fora de seus veículos, praticando sexo nas Avenidas do Campus.

Não é difícil compreender que mesmo em uma área definida pela Administração Central como relativamente segura para a realização dos eventos, a segurança geral de nossa Universidade é comprometida por conta de atitudes descontroladas, resultantes do uso de bebida alcoólica, e principalmente pela quantidade de pessoas que entram em nosso Campus, motivadas pela facilidade proporcionada pela chamada aos eventos que, na maioria das vezes, são feitas através de rádios de grande apelo e pela internet, provocando uma alteração nas ações da DISEG que se vê obrigada a socorrer os acidentados, controlar o fluxo de pessoas que acabam circulando fora da área estabelecida para o evento, comprometendo as ações de patrulhamento nas áreas que são criteriosamente determinadas pela Chefia de Operações.

É importante lembrar que os resultados desses eventos podem trazer conseqüências graves para nossa Universidade, considerando que o aluno é o maior patrimônio existente em nossos campi e que, em uma festa realizada há alguns anos, já houve acidente com vítima fatal, na Avenida 1 em frente ao posto BR.

A DISEG, por ser a responsável pela segurança dos Campi, importa-se em alertá-lo que não temos a menor condição de garantir a segurança das pessoas presentes nesses tipos de eventos, bem como dos bens materiais pertencentes às mesmas, principalmente seus automóveis; não é possível atuar no meio do público quando há distúrbios, devido a grande quantidade de pessoas presente. Temos certeza de que os serviços de “segurança” contratados pelos “responsáveis" pelos eventos, não são feitos por empresas de segurança cadastradas na DELESP/DPF (DELEGACIA DE SEGURANÇA PRIVADA DO DEPARTAMENTO DE POLICIA FEDERAL) contrariando a LEI n° 7.102/1983, “que dispõe sobre segurança para estabelecimentos financeiros e normatiza a constituição e funcionamento de empresas de segurança privadas que exploram serviços de vigilância e de transporte de valores”, trazendo riscos para a UFRJ que, aos olhos da lei, permite serviços de segurança clandestina dentro de seus Campi, podendo ser notificada pela Policia Federal ou até mesmo indiciada pelo Ministério Público, bastando para isso apenas uma denúncia. E nos preocupamos quando pais de alunos ligam ou enviam e-mail para a DISEG cobrando providências pelo fato de seus filhos terem sido agredidos nos diversos distúrbios que ocorrem nas festas dentro de nosso Campus.

Temos confiança de que a UFRJ, através de sua Administração Superior, compreenderá nossa preocupação e tentará estabelecer regras que possam permitir as atividades de confraternizações de nossos alunos, sem o risco de depredação do patrimônio público, garantindo métodos disciplinares aos que às infringirem.

 

Leandro Buarque
Diretor da DISEG
SIAPE 0366941

Anteriores