• Edição 051
  • 31 de agosto de 2006

Saúde em Foco

Rio-07 está sem drogas para fazer antidoping

Laboratório tem dificuldade para repor estoque de substâncias usadas em teste


Amostras de maconha e cocaína, proibida no Brasil, enfrentam burocracia para chegar ao Ladetec, o que pode invialibilizar exames do Pan

Sérgio Rangel
da Sucursal do Rio

A dificuldade de importação de drogas proibidas no Brasil, como no caso da maconha e da cocaína, é uma ameaça a realização de exames antidoping nos competidores que irão participar do Pan do Rio 2007.

Francisco Radler de Aquino coordenador do Ladetec (Laboratório de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico), afirmou ontem que a burocracia para importar as drogas “é o grande problema” para a realização do trabalho nos jogos.

O laboratório da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) é o único no Brasil credenciado pela Wada (Agência Mundial Antidoping) para realizar testes em atletas.

“Nossa situação está difícil. Para poder importar certas substâncias, temos que ter a licença da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), do Ministério da Agricultura, do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e da Polícia Federal”, enumera Aquino.

“Temos inúmeros órgãos legislando sobre a mesma coisa. Acabamos tendo os prazos vencidos, e muitas vezes a importação não ocorre. Infelizmente é um problema sério do ponto de vista burocrático”, disse ele.

Aquino admitiu que não tem estoque de várias substâncias necessárias nos trabalhos para o Pan-07. Segundo ele, o laboratório terá que possuir amostras de cerca de 500 drogas, muitas delas proibidas no Brasil, para poder realizar os exames de competição, que será disputado em julho, do Rio”.

“Temos todas as substâncias hoje, mas muitas vão acabar até lá. Temos que repor esses estoques”, comentou Aquino.

Segundo o coordenador do Ladetec, o tempo médio de importação é de cerca de seis meses, mas esse período pode até ser estendido. “Algumas drogas nunca chegaram”, acrescentou o responsável pelo laboratório.

Aquino disse que as drogas, que também incluem outras classes de substâncias proibidas utilizadas por atletas, como esteróides anabólicos e estimulantes, são importadas de empresas internacionais em pequenas quantidades – apenas uma miligrama de cada uma.

Para realizar o teste antidoping, o laboratório usa uma máquina que precisa da droga para identificar a substância proibida na urina dos atletas.

“a  importação destes produtos são essenciais para a qualidade do nosso resultado”, disse o coordenador do Ladetec.

Ontem, Aquino informou ao ministro do Esporte, Orlando Silva Junior, o problema enfrentado pelo laboratório.

O governo federal agora estuda um projeto para conseguir desburocratizar a importação dessas substâncias.

O ministério investiu cerca de R$ 5 milhões no laboratório para compra de aparelhos, visando equipar melhor o Ladetec para o Pan-Americano.


Folha de São Paulo

31/08/2006
Seção: Esporte