• Edição 050
  • 24 de agosto de 2006

Saúde e Prevenção

Sem medo de falar de perto

Taisa Gamboa

Razão para distanciamento social e sintoma de alterações fisiológicas, a halitose, mais popularmente chamada de mau hálito ou bafo, é um mal que poucos sabem que possuem. A halitose é por definição o odor desagradável saído da boca devido à emissão de gases por bactérias ali alojadas. Sem causar nenhuma complicação grave, a principal queixa dos pacientes é o constrangimento que passam no cotidiano.

A origem, em cerca de 90% dos casos, vem da boca, contrariando o mito de que problemas estomacais provocam o mau hálito. Segundo a professora de estomatologia Karin Cunha, do Departamento de Patologia e Diagnóstico Oral da Faculdade de Odontologia da UFRJ, 30% a 40% da população brasileira é afetada, mas poucos têm o conhecimento, por conta da fadiga olfatória, que acostuma o olfato ao odor. “Existem mais de cinqüenta causas, mas a principal advém da placa bacteriana, que forma a saburra lingual”, explica a professora.

A saburra lingual é uma camada esbranquiçada ou amarelada, formada por bactérias. Essa placa emite gases, que são compostos sulfurados voláteis. Além disso, permanecer por um período muito longo sem comer desencadeia um processo de quebra de gordura, que também libera um odor desagradável. Para tanto, a professora Karin diz que é fundamental o uso de raspador de língua, um instrumento que retira a saburra lingual, e alimentar-se, pelo menos, de três em três horas.

A pouca salivação (síndrome de Sjögeen) também origina a halitose, uma vez que não mantém uma limpeza bucal constante. Karin destaca que é possível indicar o uso de chicletes. “Mas é importante lembrar que o objetivo não é mascarar o odor, mas estimular a salivação, com, obviamente, chicletes sem açúcar”. Algumas substâncias de bochecho possuem altos índices de álcool, o que aumenta a quantidade de bactérias, portanto, deve-se atentar para esses produtos. Outras causas possíveis são as doenças como amigdalite e sinusite, mas nesses casos, a cura destas já é suficiente para a eliminação do mau hálito.

A procura por um profissional estomatologista normalmente ocorre por conta da indicação de um amigo ou parente próximo e o diagnóstico é feito por clínica básica, ou seja, cheirar o odor que sai da boca. Existe um aparelho que mede com exatidão os níveis de gases emitidos. No entanto, poucas clínicas possuem o halimeter, que no Brasil ainda é muito caro.

O resultado do tratamento, baseado em soluções específicas de bochecho, higiene adequada da língua e estímulo da salivação, pode ser obtido em apenas uma semana. Dessa forma, não há razões para maiores preocupações. Uma boa higiene bucal e uma pessoa em que confie são o suficiente para evitar o constrangimento social, mas no caso do aparecimento, é importante verificar se este não é um sintoma de uma doença mais grave.