• Edição 050
  • 24 de agosto de 2006

Notícias da Semana

PDI no CCS

Isabella Bonisolo

Instituto de Doenças do Tórax  recebe discussão do PDI

O Instituto de Doenças do Tórax (IDT) recebeu o reitor Aloísio Teixeira, na última terça-feira, dia 22 de agosto, para o debate sobre a proposta de Plano de Desenvolvimento Institucional da UFRJ (PDI). A reunião, que aconteceu no auditório Alice Rosa do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), pôs em pauta questões que transcendem o Instituto, tocando incessantemente na discussão dos Hospitais Universitários (HUs).

Aloísio Teixeira refletiu, inicialmente, sobre a formulação do documento que apresenta o Plano Quinquenal para a UFRJ. Alertou que um leitor mais atento encontrará inúmeras falhas, entre elas, a ausência de projetos importantes para a Extensão e Hospitais Universitários. O reitor justificou-se dizendo que “isso se deve ao fato de que quando o documento foi feito, há um ano e meio atrás, não havíamos organizado satisfatoriamente a Pró-reitoria de Extensão. Falta também o tratamento consistente e rigoroso dos hospitais universitários. Contamos com vocês para dar as diretrizes”.

José Roberto Lapa e Silva, professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina, ponderou sobre o problema financeiro da universidade: “eu penso que a universidade não vai sobreviver apenas com recursos orçamentários. Se não tivermos uma política agressiva de captação de recursos extra-orçamentários, nós não vamos agüentar”. Comentou ainda sobre a questão da fragmentação acadêmica. “É praticamente impossível que a universidade supere a fragmentação com ações vindas de cima para baixo. Podemos tentar induzir os caminhos, mas isso tem que começar por baixo”, defendeu Roberto Lapa.

Ernandes Celestino, representante do corpo técnico-administrativo junto ao Conselho Deliberativo do IDT, manifestou sua insatisfação com as atuais condições que os pacientes internados são obrigados a suportar. Falou do árduo trabalho que é fazer a assepsia dos doentes, devido às dificuldades com o abastecimento de água. Nesse momento, o diretor do IDT, Gilvan Renato Muzy de Souza interveio e validou a reclamação que, em princípio, poderia parecer estranha ao debate do PDI por se tratar de um problema mais localizado e pequeno. “Estamos defendendo não somente o Ensino, mas a Saúde também. Se não olharmos o próprio umbigo, nada muda”, salientou.

Sobre o IDT em si, Marcos Conde, professor de Pneumologia, ressaltou que ele não se trata somente de um órgão suplementar pedagógico da Faculdade de Medicina, mas de um hospital, também. Defendeu que, por essa dupla característica, não se poderia encaixar o IDT na mesma categoria que um instituto de Química ou de Biofísica, apenas porque ele carrega a palavra “instituto” em sua denominação.

Como os temas da formação do Complexo Hospitalar e da revitalização da área do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) denominada “perna seca” foram retomados por diversos professores, o reitor, ao final do encontro, explicou as providências que estão sendo tomadas. Aloísio Teixeira acredita que um novo formato institucional que favoreça a dupla função dos hospitais da UFRJ – pedagógica e “apêndice” atual do Sistema Único de Saúde (SUS) - é fundamental. Sobre a estrutura predial não usada do HUCFF, carinhosamente apelidada de “perna seca”, uma pesquisa no valor de R$ 300 mil foi encomendada para saber as reais condições do local.

 

Anna Nery abre as portas para o PDI

Mariana Elia

Em mais um dia de discussão sobre o Projeto de Desenvolvimento Institucional (PDI), o reitor Aloísio Teixeira e a vice-reitora Sylvia Vargas, junto com Laura Tavares, pró-reitora de Extensão, e Carlos Antônio Levy, pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento, foram à Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN) levantar alguns pontos e ouvir as opiniões de professores da unidade.

Na apresentação inicial, o reitor reiterou a questão da cultura de fragmentação, um dos principais obstáculos para o crescimento institucional. Segundo ele, não só a desfragmentação é importante, mas a descentralização das decisões financeiras e administrativas é indispensável para o melhor funcionamento da universidade. A diretora, Maria Antonieta Tyrrell, apresentou o “PDI da EEAN” (em breve documento disponível para o público), que é uma série de comentários, reivindicações e críticas ao projeto atual, o qual, segundo Sylvia Vargas, não é e nem será o PDI, mas uma proposta que tem como objetivo incitar discussões e planejamento coletivo.

Para a diretora e para os professores presentes, um dos maiores problemas enfrentados atualmente pela Escola é o quadro reduzido de docentes frente ao aumento dos que ingressam na universidade. “Recebemos anualmente 144 novos alunos, o dobro do que recebíamos até a gestão do reitor Nelson Maculan, mas nosso quadro de docentes foi reduzido, seja por aposentadoria ou falecimento”, diz Maria Antonieta Tyrrell. Segundo ela, a possibilidade de redução das vagas no vestibular será uma última medida, caso o problema não seja solucionado.

O corpo docente defendeu que a unidade tem problemas muito específicos, que devem ser levados em consideração em um planejamento maior como o PDI. Os professores Paulo Vaccario, coordenador de ensino de graduação, e Vilma de Carvalho, professora emérita, bastante atuante em grupos de pesquisas, criticaram a situação em que se encontra a estrutura da universidade, o que diminuiu a qualidade de ensino. O reitor argumentou, assumindo algumas falhas, mas relevando a importância da UFRJ no cenário nacional e acadêmico.

Laura Tavares tomou a palavra para lembrar que as dificuldades sempre existiram e que “esta é a oportunidade de repensar a universidade que queremos. A década de 1990 foi responsável pelo sucateamento do Hospital Universitário e das privatizações. O que vivemos é o resultado disso, uma vez que o desmonte é um processo acumulativo”.

Com ampla participação dos professores, a reunião transcorreu com a colocação de diferentes pontos relativos à universidade. O reitor questionou o conceito de centro, que alocou cursos de maneira arbitrária, e como a estrutura atual impede uma formação interdisciplinar e transversal. Maria Antonieta Tyrrell sustentou o apoio ao projeto e à reitoria na formação da universidade do século XXI, através da produção e implementação do PDI.


Encontro discute o ensino farmacêutico

Isabella Bonisolo e Mariana Elia

Começou no dia 21, na UFRJ, o I Encontro Nacional de Farmácias Universitárias, evento que visa a discussão e a formulação de um documento que signifique a expressão de uma Farmácia Escola. Na solenidade de abertura, estiveram presentes a presidente do comitê organizador, professora Elizabete Pereira dos Santos, a professora de farmacotécnica, Rita de Cássia Barros e o diretor da Faculdade de Farmácia da UFRJ, Carlos Rangel Rodrigues, que em poucas palavras, desejou boas vindas a todos os presentes.

A primeira conferência contou com a presença de Mauro de Castro, professor da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que apresentou o tema “Farmácia Escola como instrumento formador no Ensino farmacêutico”. Segundo ele, no contexto atual, os cursos de farmácia passam por questionamentos nas diretrizes curriculares. A necessidade da formação de um profissional capaz de atuar plenamente na assistência farmacêutica, principalmente na área de atenção ao paciente, é algo que precisa ser pensado no ensino. “Com essas novas diretrizes existe uma mudança de enfoque: de pedagogia tecnicista para algo que pratique a profissão. Há, então, essa mudança do ensino, que inclusive já traz essa questão da Farmácia Escola nas Faculdades de Farmácia”, explica Mauro.

O Brasil esteve por muito tempo afastado dos movimentos de atenção farmacêutica que já correm o mundo. As questões básicas para se chegar a um consenso de como começar essas políticas de assistência foram discutidas na Conferência Nacional de Medicamentos e Assistência Farmacêutica. “O que se procurou verificar e ouvir são aquelas pessoas que estavam tentando trabalhar na área da atenção farmacêutica com a sua visão, desde profissionais das universidades, até os que faziam a sua prática farmacêutica”, detalha o professor.

A discussão ainda atentou para a importância da dispensação de medicamentos e de como os farmacêuticos lidam com isso. “Quantos medicamentos entregamos errado? Não basta entregar. Em se tratando de Farmácia Escola, temos que considerar qual dispensação estamos pensando. O ato que parece mais comum pode ser uma arma”, argumenta Mauro Castro. O professor aconselhou que o aluno deva aprender a trabalhar com a prevenção e a recuperação da saúde para compreender o que ele está dando para o paciente que atende.

A parte da tarde foi reservada à Homeopatia. Débora Futuro, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), apresentou as disciplinas de graduação relativas ao tema, o laboratório de homeopatia e a Farmácia Escola, que “foi e é indispensável para o funcionamento do laboratório, por trazer uma grande diversidade de casos”, diz. Além disso, a professora destacou o oferecimento do estágio prático voltado para a especialidade.

Tereza Cristina Leitão, professora da Universidade Estácio de Sá, detalhou as resoluções do Conselho Federal de Farmácia e as ações da Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas (ABFH), que, segundo ela, foram fundamentais para a inserção da Homeopatia no cenário farmacêutico. Entre os avanços atingidos, é possível citar a introdução do título de especialização em Homeopatia a partir de 1997 e a criação de um programa de pós-graduação em 2001. Tereza ainda luta em sua universidade por uma Farmácia Escola, com implantação de um estágio curricular, um maior número de palestras com especialistas da área e a publicação dos trabalhos mais relevantes, pretendendo com isso, também ampliar a visibilidade do ofício.

A médica Gisela Gomes Galvão, coordenadora do Programa Estadual de Homeopatia da Secretaria de Estado de Saúde, ministrou a palestra “Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares: a homeopatia no SUS”. O processo de institucionalização da Homeopatia dependeu de uma série de fatores próprios da máquina burocrática dos serviços públicos. Segundo a doutora, era preciso esperar interesse do gestor e do especialista em reservar um espaço na grade horária para que houvesse atendimento homeopático, já que não havia um concurso específico para área.

Apenas em 1999, houve a inclusão do ofício na tabela do Sistema Único de Saúde e o Programa de Medicamentos Naturais Práticos e Complementares (PMNPC) determinou uma série de medidas para estruturar a prática homeopática no Brasil, tais como a assistência, definida por atenção básica e respeito às peculiaridades técnicas, financiamento, com o qual, segundo a doutora, o Ministério da Saúde ainda não se comprometeu localmente, e assistência farmacêutica. Hoje a Homeopatia está em 20 estados e 100 municípios. O Rio de Janeiro conta com 150 profissionais do SUS, mas apenas dois municípios têm farmácias públicas.

O professor Carlos Ribeiro, da Farmácia Cósmica, apresentou a contribuição da Homeopatia para o ecossistema, uma vez que ela provém de matérias-primas de origem vegetal, animal e mineral e lança poucos resíduos na natureza, restritos a Sacarose, Lactose e soluções alcoólicas.