• Edição 049
  • 17 de agosto de 2006

Saúde e Prevenção

Tireóide acelerada compromete a saúde

Taisa Gamboa

O hipertireoidismo ou tireotoxicose é um distúrbio caracterizado pelo aumento da secreção dos hormônios da glândula tireóide, cuja função principal é regular o metabolismo. Se algum fator alterar o seu funcionamento, as conseqüências se repercutirão ao longo de todo o organismo humano. Cada parte do corpo é afetada de uma forma específica e em graus variáveis, desde sintomas inexpressivos, como fraqueza, até formas extremamente graves, que podem levar à morte.

“No caso específico do hipertireoidismo os principais sintomas são a perda de peso, alterações do ritmo cardíaco, sudorese, tremor, agitação, nervosismo, insônia, queda de cabelos e intolerância ao calor. Outros problemas como o aumento da atividade intestinal e alterações no ciclo menstrual também são recorrentemente relacionadas à doença”, destacou a endocrinologista Flávia Lucia Conceição, do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ).

De acordo com ela, a causa mais comum do hipertireoidismo é uma doença auto-imune chamada Doença de Graves. Geralmente seus portadores possuem uma pré-disposição genética e produzem anti-corpos contra a tireóide, que forçam a glândula a aumentar a sua produção e assim provocam o hipertireoidismo. A presença de um nódulo benigno hiperfuncionante na tireóide é outro fator que provoca o hipertireoidismo. Sozinho, ele produz o hormônio tireoideano, e provoca, assim a disfunção.

Além dessas, a tireoidite também figura entre as principais causas da doença. A partir de uma infecção viral, a tireóide pode ficar inflamada e, alterada, a glândula libera hormônios em excesso. Ao contrário dos outros fatores, a tireoidite não é genética. A infecção é adquirida e tem caráter transitório. Ao fim da lesão, a glândula volta ao seu funcionamento normal.

Segundo a endocrinologista, o hipertireoidismo tem cura, mas tudo depende da sua causa. A Doença de Graves, por exemplo, tratada com remédio, pode sofrer remissão e desaparecer, ou pode voltar algum tempo depois do cancelamento do tratamento. Quando esse tipo de coisa ocorre, o tratamento definitivo é empregado com iodo radioativo ou cirurgia, que, como toda operação, apresenta alguns riscos. São raros os casos, mas pode acontecer de a glândula paratireoideana ser lesionada. A pessoa desenvolve então o hipo-para-tireoidismo e terá que administrar cálcio e vitamina D pelo resto da vida.

- Nenhum hábito ou alimento podem reduzir a ocorrência do hipertireoidismo, ou evitá-lo. A única coisa que pode ser feita é consumir de forma controlada o iodo, pois o hormônio hipertireoideano precisa dessa substância para ser produzido. Se uma pessoa consome muitos alimentos que contenham iodo, suas chances de desenvolver o hipertireoidismo aumentam, entretanto, isso só interfere se a pessoa já tiver uma predisposição para a doença. Além disso, convém evitar o estresse, já que alguns estudos revelam sua relação com a ocorrência de doença de Graves – completou Flávia Lucia.