• Edição 049
  • 17 de agosto de 2006

Microscópio

Farmácia Escola: projeto social e ensino

Isabella Bonisolo

A Faculdade de Farmácia está em festa. Comemora, esse mês, os 20 anos de um projeto pedagógico de sucesso — a Farmácia Escola — e está próxima de atingir os 60 ano de sua instituição, quando foi desvinculada da Faculdade de Medicina. As datas não poderiam passar em branco e para isso organizou-se uma solenidade a ser realizada no dia 20 de agosto, no Forum de Ciência e Cultura (FCC), campus da Praia Vermelha e o I Encontro Nacional de Farmácias Universitárias, que acontece entre 21 e 23 desse mês na Ilha do Fundão. As festividades não param por aí. O diretor Carlos Rangel Rodrigues, da Faculdade de Farmácia, promete muitas novidades para 2007 para celebrar o sexagenário.

A Farmácia Escola surgiu em meados dos anos 80 para suprir a necessidade dos estudantes de por em prática de verdade aquilo que aprendiam nas aulas de farmacotécnica. Antes, havia a disciplina de estágio supervisionado que era feita fora da universidade, na qual muita das vezes o aluno não aprendia nada, já que bastava apresentar uma espécie de “atestado” que comprovasse que as 180 horas determinadas haviam sido cumpridas. Os professores perceberam que isso trazia um vácuo no aprendizado do estudante, que chegava ao mercado de trabalho sem experiência. “A gente começou como pode e aos poucos foi sensibilizando as pessoas que esse projeto além da preocupação com a formação do aluno, tinha todo o apelo social da possibilidade de atender aos pacientes do Hospital Universitário”, relembra Rita Barros, professora de farmacotécnica da UFRJ e responsável pelo estágio supervisionado.

Como forma de comemoração dos 20 anos desse louvável projeto de extensão, a UFRJ cedia o I Encontro Nacional de Farmácias Universitárias no Brasil. A perspectiva para os três dias de discussões é elaborar parâmetros e uma orientação mínima para o MEC sobre o que é importante para a implantação de uma Farmácia Universitária. Isso se faz em um momento imprescindível, já que agora esse órgão da educação exige que toda instituição de ensino superior de farmácia tenha esse local onde os estudantes possam estagiar. Professora Rita defende que existe a necessidade de “critérios mínimos de qualidade para que se possa efetivamente ter farmácias escolas e não alguma coisa para cumprir uma lei”.

A farmacêutica Naira Vidal, responsável pela orientação dos estudantes na atenção farmacêutica da Farmácia Escola da UFRJ, ressalta ainda que a urgência na formulação de um documento com essas balizes é graças a uma inquietação sobre o que pode estar acontecendo nos novos meios acadêmicos. “Há uma preocupação enorme com as inúmeras faculdades de farmácia particulares que surgiram nos últimos tempos e que abriram farmácias universitárias. Como a farmácia é uma fonte de renda, algumas escolas tentam abrir para poder ter um lucro adicional e às vezes o aluno nem participa diretamente da prática. Esse não é o papel da Farmácia Escola”, explica Naira.

Durante a programação do encontro, será exposto um panorama da situação das Farmácias Escolas do país. O evento, que conta com a presença de representantes da Vigilância Sanitária nacional e regional, é aberto a todas as instituições de ensino superior de farmácia, seja particular ou pública. Segundo o diretor e professor Rangel, a Farmácia Escola também será lembrada nas comemorações dos 60 anos da Faculdade de Farmácia, que ocorre em abril de 2007. “A escolha dos homenageados não será feita pelo desenvolvimento pessoal do docente em determinada área, mas pela contribuição que ele deu para o ensino da graduação. Os professores que tiveram essa idéia ‘Farmácia Universitária’, que vestiram a camisa dessa luta serão homenageados”, adianta o professor.

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