• Edição 048
  • 10 de agosto de 2006

Cidade Universitária

Os novos nomes das vias e praças da Cidade Universitária

Dando continuidade a apresentação dos novos nomes dos logradouros da Cidade Universitária, o boletim eletrônico “PrefeituraONLINE” divulga o segundo nome, juntamente com uma pequena bibliografia do homenageado.

Rua Raymundo Augusto Moniz de Aragão (antiga Rua 5) – É o novo nome da rua de fundos do Centro de Tecnologia que dá acesso ao bloco I, ao Instituto de Macromoléculas (IMA) e ao complexo de Laboratórios LADEQ, da Escola de Química. Tem início na entrada do Pólo de Xistoquímica e termina junto ao Prédio do CCMN. Seu nome é em homenagem ao ex-reitor Raymundo Augusto de Castro Moniz de Aragão, primeiro gestor da Universidade Federal Rio de Janeiro (até novembro de 1965 a UFRJ era denominada de Universidade do Brasil), empossado em 1968.

Raymundo Augusto Moniz de Aragão nasceu no Rio de Janeiro, em 27 de maio de 1912. Diplomado pela Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro, com curso de aperfeiçoamento em embriologia na Faculdade de Medicina de São Paulo, além de vários cursos de aperfeiçoamento em vírus vacínico no Instituto Butantã (SP) e na Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro. Doutor em Química pela Universidade do Brasil. Professor de Química da Escola Nacional de Química e primeiro reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), originária da Universidade do Brasil.

Contribuiu para a formação de gerações de Químicos Industriais, pela Escola Nacional de Química (ENQ), atual Escola de Química da UFRJ. Influenciou significativamente na criação do Instituto de Química (IQ), fundado em 1959 para incentivar a pesquisa e estruturar a organização pedagógica da pós-graduação em ciências químicas, com inspiração no modelo americano das Graduate Schools – a pós-graduação Strictu sensu –, com títulos de Mestre em Ciências (M.Sc) e Doutor em Ciências (D.Sc.), concedidos com base em um currículo de créditos de cursos, exame de qualificação ao título, Dissertação de Tese e Defesa da Tese, com julgamento/aprovação por banca oficialmente nomeada. Esta sistemática, em substituição ao clássico título de Doutor, Latu sensu, da Universidade do Brasil, promoveu uma equivalência entre os seus títulos de M.Sc. e de D.Sc. e aqueles obtidos em universidades estrangeiras. Com esta nova estrutura, o ensino da Química em nível superior, no país, sofreu uma modificação significativa, saltando do preparo puramente profissional para o ensino pós-graduado e a pesquisa.

Em 1965, como Ministro da Educação e Cultura do Governo do General Castelo Branco, Raymundo Moniz de Aragão promove a regulamentação e definição da pós-graduação no Brasil. O modelo desenvolvimentista adotado pelo regime militar, a partir de 1964, requeria pessoal especializado, o que ajudou a consolidar a pós-graduação, que já tinha professores/pesquisadores qualificados e passava agora a contar com financiamentos de indústrias, do Ministério da Educação e Cultura (MEC), da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da Agência Internacional de Desenvolvimento dos Estados Unidos (USAID). Esta última muito combatida pelos movimentos sociais da época, principalmente o movimento estudantil, devido ao acordo MEC/USAID que apontava para a privatização do ensino no Brasil.

Ainda como ministro da Educação, em 1968, Raymundo Moniz de Aragão, promove a reforma administrativa universitária, que estabelece a nova estrutura para a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A partir desta reforma, o Instituto de Química sai da Escola de Química e passa a integrar o Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza. Surge neste momento a Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia (COPPE) e o NUMA, mais tarde Instituto de Macromoléculas Profª Eloisa Mano (IMA). Ao Instituto de Química coube o ensino das disciplinas básicas da Química e a formação de profissionais Químicos (depois, Químicos com Atribuições Tecnológicas) bem como a pesquisa em Química, em qualquer de suas modalidades, inclusive a bioquímica. Para a Escola de Química, agora no Centro de Tecnologia (CT), couberam as disciplinas tecnológicas, a formação de Engenheiros Químicos (mais tarde sendo reativada a formação em Química Industrial), a pesquisa em diversas tecnologias químicas e em tecnologia bioquímica. Os cursos de Química e o de Didática e Pedagogia, da Faculdade Nacional de Filosofia, da Universidade do Brasil, foram transferidos para o Instituto de Química.

Raymundo Moniz de Aragão teve uma carreira profissional intensa, dentre exercícios profissionais e honrarias recebidas, nacionais e internacionais. Na Universidade do Brasil foi, por concurso, Professor Catedrático da Escola Nacional de Química, orientado para o campo da tecnologia de fermentações e para o magistério na cadeira de Microbiologia Industrial, desde sua atividade na indústria farmacêutica, relacionada à produção de penicilina, durante a II Guerra Mundial. Ocupou todos os postos de direção na Instituição: Chefe de Departamento, Diretor da Escola Nacional de Química, Decano do Centro de Tecnologia, membro do Conselho Universitário, Sub-Reitor, e Reitor, em 1968. Diretor de Ensino Superior do Ministério da Educação e Cultura e Ministro da Educação e Cultura.

Foi eleito Membro da Academia Brasileira de Medicina e da Academia Brasileira de Educação. Ganhou títulos de Professor Honoris Causa de dez universidades brasileiras, a Grande Oficial das Ordens de Mérito Aeronáutico e do Mérito Militar, a Grã-Cruz das Ordens de Mérito Médico e do Mérito Educacional. Foi Vice-Presidente do CNPq, adicionalmente, Presidente do Conselho Federal de Educação e criador e Presidente do Conselho Federal de Cultura. Ocupou cargos de entidades de pesquisa universitárias e governamentais de destaque: Vice-Presidência da Fundação José Bonifácio, membro do Conselho Técnico-Científico da Fundação Instituto Oswaldo Cruz; e diretor da Fundação Getúlio Vargas. Morreu no dia 8 de dezembro de 2001.

Texto retirado do Boletim da PrefeituraONLINE
Edição: Antonio Carlos Moreira
Contato:prefeituraonline@pu.ufrj.br