• Edição 044
  • 13 de julho de 2006

Notícias da Semana

PDI pode solucionar problemas da Escola de Educação Física

Aline Durães, do Olhar Virtual

Os professores, alunos e funcionários da Escola de Educação Física e Desportos (EEFD) aproveitaram a reunião com a reitoria, realizada no dia 12 de julho, para discutir os principais problemas da unidade. O encontro possibilitou aos membros da EEFD conhecer os princípios gerais do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) e indicar as prioridades da Escola para os próximos cinco anos.

A burocracia e o excesso de decisões administrativas foram eleitos como os grandes entraves ao desenvolvimento da EEFD. De acordo com Valdir Mendes Ramos, professor eleito pela terceira vez para a direção da Escola, as instâncias administrativas concentram o poder e impedem que os processos, mesmo os mais simples, avancem. Valdir acredita que a redução no número de departamentos contribuiria para o crescimento da unidade.

Gabriel Marques, representante do Centro Acadêmico da EEFD, destacou a importância dos investimentos em assistência estudantil para que a meta da democratização do acesso, presente no PDI, possa ser realizada.

O aluno do sétimo período chamou a atenção também para as recentes mudanças implementadas na regulamentação do curso de Educação Física. “Primeiro, houve a segregação entre licenciatura em lazer e licenciatura em desporto. Depois, o Conselho Nacional separou definitivamente a licenciatura do bacharelado. Vemos, com isso, que a universidade está cada vez mais pautada pelo mercado de trabalho. Isso dificulta a formação do estudante”, ressaltou.

A reabertura do curso de mestrado da EEFD e a construção de um centro de integração esportiva foram outros pontos debatidos no encontro. De acordo com os docentes, a escola possui estrutura humana capacitada, mas a carência de recursos é o principal fator impeditivo dessas realizações.

O reitor Aloísio Teixeira ouviu atentamente todas as sugestões da EEFD. O professor enfatizou que as reuniões realizadas com as congregações não têm o objetivo de aprovar medidas, mas sim o de suscitar a discussão do PDI por toda a comunidade universitária. “Temos a esperança de que, ao final do processo, o PDI seja um documento aceito por toda a universidade e corresponda à vontade coletiva de mudanças e melhorias”, sublinhou.


Reitoria Itinerante desvenda problemas do IPUB

Mariana Granja

O crescimento da pós-graduação em Psiquiatria foi o principal assunto discutido na Reitoria Itinerante, que ocorreu hoje (6/7) no Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPUB). O assunto foi debatido pelos presentes, com a participação do reitor Aloísio Teixeira, da vice-reitora Sylvia Vargas, do pró-reitor de pessoal (PR-4) Luiz Afonso Mariz e do prefeito da Cidade Universitária Hélio de Mattos.

O IPUB, segundo o diretor do Instituto, professor Márcio Versiani, existe desde 1938, e possui dentro da pós-graduação as divisões de lato sensu, cursos de especialização, residência e stricto sensu “Atenção psicossocial para crianças e adolescentes” e “Impasses e estratégias no uso e abuso de drogas”.  As especializações no lato sensu são “Assistência a usuários de álcool e drogas”e “terapia familiar”, entre outras. Já a área stricto sensu (dividida em mestrado e doutorado) possui fortes linhas de pesquisa, sendo a mais antiga criada em 1984 pelo próprio diretor do IPUB, denominada “Ansiedade e Depressão”, e tendo seus dados e pesquisas utilizados atualmente na Associação Americana de Psiquiatria.

De acordo com o coordenador de pós-graduação, professor Ivan Figueira, a partir de dados colhidos entre os anos de 1998 e 2005, a pós-graduação do IPUB vem crescendo a cada ano, com mais trabalhos publicados, e a meta é que se atinja o conceito cinco da CAPES na próxima avaliação, referente ao triênio 2004-2006. “A psiquiatria pertence à um conceito chamado de ‘medicina 2’, e dentro disso há uma série de divisões para artigos publicados: pode ser internacional A e B, internacional C, nacional A e B ou nacional C, e o mais importante é, sem dúvida o primeiro, com Base ISI”, explica Ivan Figueira.

Embora o IPUB tenha a maior quantidade de teses por orientador do Brasil (1,4 tese/orientador por ano), o que mais conta no exterior são os artigos publicados, já que segundo o professor Ivan, esses textos são mais fáceis de serem divulgados e utilizados do que as próprias teses. “O que não tira a importância de nossas publicações”, lembra.
 
O Brasil está na 18º posição no ranking mundial de artigos publicados em base ISI e no ranking brasileiro o IPUB produziu 319 artigos entre os anos de 1998 e 2005, ficando atrás apenas da USP. Em base ISI, o Instituto ocupa a terceira posição do país e em fatos de impacto (que leva em conta a importância da revista onde o arquivo foi publicado) está em primeiro lugar. “Crescemos muito, em 1998 estávamos com o conceito dois da CAPES e atualmente temos o quatro. Dos professores permanentes do Instituto, 81% já atingiram o conceito cinco e 41% atingiram o conceito sete (o máximo possível), produzindo seis artigos no triênio, sendo três em base ISI”, explica o coordenador.

Crescer, entretanto, não é fácil. A baixa utilização do portal da CAPES pelos estudantes da pós-graduação, precariedade do sistema de informática do Instituto e falta de bolsas para mestrandos e doutorandos (apenas 30% possuem bolsas), são apenas alguns dos problemas enfrentados, que atravancam o desenvolvimento da pós-graduação e do próprio Instituto.

Mas outros problemas que não envolvem a pós também assolam a unidade. De acordo com Márcio Versiani, existe uma lista de projetos em espera, que possui como prioridade a adequação do espaço físico das enfermarias para que atendam às normas e regulamentações da Anvisa e se tornem um local mais “humanizado”. Os telhados também precisam de reformas, pois causam infiltrações e molham as dependências do Instituto. Além disso, os ambulatórios, enfermarias e demais dependências necessitam de mobiliário novo, e o parque tecnológico de informática precisa ser atualizado, com a compra de material de informática e a produção de prontuários eletrônicos, agilizando o atendimento. Carros também são “bem-vindos”, pois mesmo com as ambulâncias sendo de uma empresa terceirizada, é importante ter veículos para o transporte em caso de transferência e para atividades externas. Essas modernizações, somadas a mais quatro que estão no projeto, giram em torno de R$ 3 milhões.

Docentes também faltam, além de técnico-administrativos. Mas segundo o professor Luiz Afonso houve recentemente um concurso para técnico-administrativos e até o mês de agosto sete enfermeiros, três psicólogos e dois auxiliares de enfermagem entrarão no IPUB. O concurso foi feito com a inscrição por hospital, já que era problema freqüente o ingresso de profissionais que desejavam psicologia do trabalho, por exemplo, e eram direcionados para psicologia clínica.

De acordo com o reitor, a UFRJ esse ano tem o dobro de investimentos comparado ao último ano, possuindo R$ 94 milhões contra os R$ 46 do ano anterior. Ele explicitou a quantidade de obras que estão sendo feitas e atentou para a importância da Reitoria Itinerante, pois assim o reitor passa a conhecer de perto os problemas de cada unidade e a conhecer verdadeiramente a Universidade. “Nós viemos não para falar, mas para ouvir e saber dos problemas. Isso é importante porque é diferente ver ao vivo do que receber no gabinete da reitoria um pedido, ele perde força se é feito sem o contato. É natural que haja dificuldades, algumas vezes não temos condições de resolvê-las, e outras podemos, mas é dever nosso dialogar sobre isso”, finaliza o reitor Aloísio Teixeira, que visitou as enfermarias para constatar os problemas apresentados.


ICB no tratamento contra o câncer

Mariana Elia

O Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) comemorou nesta quinta-feira, dia 6, a entrega da bolsa de pós-doutorado Pró-Onco Vivi Nabuco a Fábio de Almeida Mendes que vai receber durante um ano uma bolsa, doada por Vivi Nabuco, dona do Banco Icatu. O diretor do ICB, Adalberto Vieyra, intermediou a cerimônia e aproveitou para agradecer presenças solenes, como da ex-pesquisadora Annah Chagas, viúva do professor Carlos Chagas.

Marcos Moraes, professor associado do Instituto, abriu o evento, apresentando um quadro geral da situação dos pesquisadores no país. “Os pesquisadores passam por dificuldades extremas para manter em andamento suas pesquisas. Nosso programa em oncobiologia tem como objetivo auxiliar na resolução desses problemas, como facilitar a comunicação entre comunidade científica”, diz. O professor reconheceu ainda a importância da doação feita por Vivi, cuja “generosidade espontânea ajuda esse projeto e outros, em vários setores do Brasil”. Lembrou ainda, em homenagem à professora Annah, falando que Carlos Chagas conseguiu fazer do Instituto de Biofísica uma instituição e uma escola de pesquisadores respeitada no Brasil e no mundo.

O professor Adalberto disse que o significado da solenidade é múltiplo. Segundo ele, o ICB passará por uma renovação geral, através da aprovação, no dia 8 de agosto, do novo regimento do Instituto. “Entre as características da nova estrutura, haverá, não mais departamentos isolados, mas programas temáticos de ensino, pesquisa e extensão integrados”. O coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciências Morfológicas, Vivaldo Moura Neto, apresentou numericamente o Programa de Oncobiologia e o colocou como exemplo de experiência para essa nova estrutura do ICB.

O Programa Interinstitucional de Pesquisa, Ensino e Extensão em Biologia do Câncer tem o apoio do Instituto Nacional do Câncer (INCA), dos departamentos de Anatomia, Histologia, dos institutos de Microbiologia Professor Paulo de Góes, Bioquímica Médica, Biofísica Carlos Chagas Filho, da Faculdade de Medicina, do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, do Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais, e da Faculdade de Farmácia. O caráter multi-departamental foi posto pelo professor Vivaldo como fundamental, pois não limita o conhecimento. Ele explica que há grande número de grupos que trabalham em áreas de pesquisa em câncer, como hemopatias tumorais, tumores no sistema digestivo e o câncer de mama.

O pesquisador destacou o enfoque da pesquisa básica, no conceito fundamental da célula, pois “não adianta eu tratar de uma célula tumoral sem saber em que ela difere das demais células. E, a partir daí, pode-se iniciar o tratamento, o ataque a essas células”. Vivaldo celebrou a grande quantidade de teses de mestrado e doutorado em 2005 e início de 2006. “São 45 pessoas formadas nessa área e 25 doutores especializados por esse Programa. Todas as teses relacionadas ao diagnóstico, tratamento ou conhecimento básico, de desenvolvimento celular, por exemplo”. Em média, foram três artigos publicados por pesquisador do Programa, segundo o professor.

A jornalista Cláudia Jurberg, coordenadora do Núcleo de Difusão do Programa de Pesquisas em Oncobiologia, foi responsável pela maior integração entre os pesquisadores e divulgação na mídia de novidades sobre a doença e seu tratamento. Foi apresentada uma pesquisa elaborada por ela sobre como os diversos meios comunicação transmitem as notícias sobre o câncer, com levantamento de falhas e interesses do público. De acordo com a jornalista, os jornais e emissoras de televisão não explicam a doença e seus sintomas, mas se detêm na prevenção e casos mais comuns. Cláudia fez uma parceria com a rádio CBN, que se traduziu em chamadas periódicas sobre o câncer. A equipe de divulgação colocou ainda na internet o site do Programa – www.bioqmed.ufrj.br/onco -, com informações sobre os grupos de pesquisa e os temas estudados .

Para finalizar a solenidade, o bolsista contemplado apresentou seu tema de pesquisa. Fábio Mendes explicou que o Papel das vias de Wnt, Shh e Notch na interação do glioblasto multiforme como microambiente cerebral tem como objetivo estudar a interação entre os neurônios, tipo de célula comum no cérebro, e os glioblastos, células cancerígenas. Como pôde estudar a comunicação entre os astrócitos, outro tipo de célula cerebral, e neurônios, o estudante concluiu que as células tumorais mantêm características importantes da original. O projeto foca o estudo de três vias de sinalização que a célula utiliza para ativação da proliferação celular, especificamente seu desenvolvimento embrionário. “A relevância desse projeto é tornar melhor o conhecimento do glioblastos multiformes, mostrando vias de sinalização importantes como possíveis marcadores da origem tumoral’, conclui.