• Edição 040
  • 14 de junho de 2006

Saúde e Prevenção

Os companheiros da Copa

Mariana Granja

A copa do mundo já invadiu o Brasil. Junto com os aguardados jogos das seleções de todos os cantos do planeta entra, em cena a cerveja, além dos tradicionais petiscos. Queijos, salame, salgadinhos, todos são, senão os protagonistas das apresentações com a bola, ao menos os importantes acompanhantes do espetáculo. Mas é preciso ter cautela, pois tais alimentos podem passar de heróis a vilões, trazendo dores de cabeça para seus assíduos consumidores e estragando a festa dos que esperam ver os jogos “bem alimentados”.

Segundo a professora Avany Fernandes, do Setor de Nutrição Clínica do Departamento de Nutrição e Dietética do Instituto de Nutrição Josué de Castro (INJC), alimentos como salsicha e salame, conhecidos como “embutidos”, apresentam como características principais altos teores de Sódio, gordura e conservantes químicos, assim como as azeitonas, picles e enlatados, que também possuem muito sal na sua composição. “Esses alimentos consumidos em excesso têm relação com o aumento da pressão arterial e do colesterol total”, fala a professora.

As cefaléias, popularmente conhecidas como dores de cabeça e imediatamente associadas ao trabalho excessivo ou ao estresse que a pessoa vem sofrendo, têm muitas vezes suas causas ligadas à ingestão – exagerada- desses alimento. “Isso ocorre porque, possuindo entre outras substâncias a Tiramina – que é uma amina vasoativa, com capacidade de dilatar os vasos sanguíneos por propiciar a liberação da noradrenalina (substância conhecida como neurotransmissora), aumenta o diâmetro dos vasos sanguíneos e pode provocar enxaqueca. Outra substância existente são os Nitritos, substâncias adicionadas às carnes como preservativos, e que as tornam mais vermelhas, podendo provocar enxaquecas em pessoas susceptíveis. Os Nitritos são encontrados em salsichas e carnes embutidas”, explica Avany.

– Quanto à quantidade a ser ingerida para que a pessoa não sofra com os males que tais petiscos podem trazer, não existe quantidade definida, pois o ideal seria não consumi-los, mas se for consumir o recomendável é não fazê-lo diariamente e em grandes quantidades. Já as crianças devem evitar o seu consumo – orienta a professora.

Para se prevenir e não sofrer as conseqüências que os “alimentos vilões” podem trazer, a solução é a associação de hábitos saudáveis como dieta equilibrada, prática de atividades físicas, consumo moderado de álcool, supressão do tabagismo e controle do estresse mental. “A dieta balanceada deve ser adequada em energia e equilibrada nas proporções de carboidratos, proteínas e lipídios. Além disso, deve conter uma quantidade satisfatória de fibras e vitaminas e minerais e deve ser restrita em gorduras, especialmente as saturadas e as trans-saturadas, e também de Sódio e açúcar”, recomenda Avany Fernandes.

– Para quem já convive com os resultados da ingestão em excesso desses alimentos, o tratamento é feito dependendo da gravidade destas conseqüências. Pode ser baseado na mudança do estilo de vida (dieta adequada e atividade física) de forma isolada ou associada a terapia medicamentosa específica para cada tipo de enfermidade conseqüente desses excesso alimentares – finaliza a professora.

Assim, ter dor de cabeça na copa do mundo, só se o Brasil perder para a Argentina.

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