• Edição 040
  • 14 de junho de 2006

Microscópio

Simpósio em Macaé tratará de anfíbios

Mariana Elia

Nos próximos dias 21, 22 e 23 de junho ocorre o II Simpósio de Anfíbios da UFRJ no Nupem (Núcleo de pesquisas ecológicas de Macaé), campus avançado da UFRJ em Macaé. Por iniciativa do Laboratório de Anfíbios e Répteis do Instituto de Biologia e do Laboratório de Histologia Animal e Comparada do Instituto de Ciências Biológicas, o evento tem como objetivo o intercâmbio entre a parte científica - sejam alunos, docentes e pesquisadores - e a sociedade sobre as questões dos anfíbios.

Esse ano o Simpósio terá como foco temas relacionados com a conservação ambiental, a utilização de anfíbios de modo racional e planejado e o declínio desses vertebrados. Assim, o estudo dos anfíbios como bioindicadores, ou seja, reflexos do ambiente em que vivem, a comercialização, principalmente caracterizada pela ranicultura, e a redução da população serão discutidos em onze palestras, dois mini-cursos e uma mesa redonda, que terá a participação dos dois coordenadores do evento, Lycia Gitirana e Sérgio Potsch de Carvalho-e-Silva.

Uma das vantagens do Nupem é a possibilidade de alojamento, e Lycia acredita que a estrutura do Núcleo permitirá uma troca maior entre os participantes. “Os horários livres também vão servir para discutir questões relacionadas ao tema, pois aqui no Fundão, as pessoas dispersam mais facilmente”. A coordenadora também destaca o apoio dado pela Prefeitura de Macaé, que arcará com algumas despesas.

O II Simpósio apresentará painéis com estudos científicos realizados por alunos e pesquisadores sobre os mais variados temas, desde biologia molecular, morfologia a ranicultura de alimentação. A regulamentação para coleta e manuseio dos animais será debatida, bem como as perspectivas da aplicabilidade da criação em cativeiro, de espécies como a chamada rã-touro. Denominação vulgar da rana catesbeiana, uma espécie de rã originária da América do Norte que foi trazida para região sul há cerca de 70 anos para fins de comercialização.

A Rede de Análise sobre Anfíbios Neotropicais Ameaçados (Rana) também será tema de discussão. Desde 1999, um grupo de pesquisadores criou a rede, com a intenção de unificar as pesquisas voltadas para o estudo das taxas de declínio de anfíbios no continente americano. A idéia do Rana é agregar o máximo de interessados, das mais diferentes áreas envolvidas com ecologia, a fim de minimizar a redução populacional desses vertebrados.

Os anfíbios são importantes indicadores ambientais por dependerem de dois meios, aquático e terrestre, para sobrevivência. Eles são considerados sensores porque são os animais que primeiramente denunciam as degradações no meio. De acordo com as condições apresentadas, eles alteram substancialmente a estrutura de seus órgãos, sendo os primeiros a desenvolver anomalias genéticas e deformações físicas. A coordenadora Lycia Gitirana comenta que em ambientes muito contaminados, as espécies sofrem muito e costumam desaparecer do habitat natural.

O Brasil é responsável por abrigar grande parte da diversidade de anfíbios. Ainda que não se tenha um número exato, estimam-se mais de 600 espécies no território, sendo 455 endêmicas (com registro apenas em um local). A Mata Atlântica e a Amazônia são considerados os melhores biomas para preservação dos anfíbios, que se reproduzem de diferentes maneiras. Há espécies que utilizam o meio aquático, outras necessitam de regiões semi-aquáticas (vegetação acima da água ou em ninhos flutuantes) ou mesmo terrestre.

A redução da população de anfíbios é preocupação constante entre os pesquisadores e muitas espécies já foram extintas. Algumas causas são levantadas como as variações climáticas e atmosféricas, por exemplo o aumento da incidência de raios UV-B e índices de poluição.

Mais informações sobre o evento podem ser obtidas pelo telefone 2562-6477, do Laboratório de Histologia Animal e Comparada, pelo e-mail simanf2006@yahoo.com.br ou pelo site http://www.acd.ufrj.br/labhac/simanf2006.htm.